terça-feira, 27 de maio de 2008

O perfume de Alice

Ela tinha nome de perfume barato, mas seu cheiro era uma dessas coisas que só se sente uma vez na vida.
Um aroma de rosas vermelhas misturado com pimenta. Um perfume que me atingiu a alma, acertou em cheio sem que eu pudesse me esquivar.
Seus olhos pareciam ler meus pensamentos. Um olhar centrado, não era triste nem alegre, não era amor, mas também não era desprezo. Parecia que olhava pra me enxergar por dentro.
Não resisti, me entreguei naquele momento, fui fraco, fui abduzido por aquela mulher desconhecida. Não gostei do nome dela, provavelmente era um nome de mentira.
Apelidei-a de Alice, o tempero entre o real e o imaginário.
O cabelo vermelho alaranjado com seus olhos anis faziam dela uma fada.
Não sei por que eu, não sei porque!
Mas ela me escolheu, me escolheu e conseguiu o que queria.
Me usou como um objeto. Desses descartáveis.
Me jogou no lixo assim que saiu da minha casa.
Mas aquele perfume... Impregnado no meu travesseiro, na minha cama, no meu corpo. Aquele perfume ficou por horas no meu quarto.
E tudo que eu conseguia fazer era lembrar daquela mulher que, por alguns momentos, fez-me pensar somente no prazer, como se o mundo não existisse lá fora, como se tudo fosse fantasia.
O calor daquele corpo me dava calafrios, suas curvas eram feitas em perfeita simetria. Sua respiração forte e apressada me enlouquecia, sentia nossos corpos grudados, sentia suas unhas cravadas em minhas costas. Eu tinha certeza, aquilo era amor.
Amor de paixão, desses que acabam em instantes, mas que ficam marcados pra vida toda.
Assim como uma cicatriz, assim como as cicatrizes das minhas costas.

Não consigo distinguir o real daquele dia, nem sei se realmente aconteceu.
Nem sei se as cicatrizes existem. Optei por não verificar e continuar a acreditar naquela mulher.
Optei por nunca mais esquecer...

Nunca vou me esquecer do perfume de Alice.

terça-feira, 20 de maio de 2008

Canceriano sem Lar.

Eram sete horas da manha, aproximadamente.
Fitava o sol nascendo, o sol me cegava.
O sol refletia minha alma. Nascendo.

Não sei o que eu fazia naquele lugar, não sei porque o sol nascia naquele lugar.
Era um lugar comum, mas o sol me cegava.
Sim... reconheci, eu estava perto de casa.
Saindo ou entrando?
Não sei. Acordei ali.

Quanto tempo se passou?
Uma noite? Um dia? Um mes? Talvez, quatro?
Quem sabe? Um ano!?
Enfim.

O sol brilhava em cada gota de orvalho do gramado.
As pessoas começavam e se dispersar.
A cidade acordava... eu nao sabia se acordava com a cidade ou iria dormir.
Eu nao sabia nem onde era minha casa. Mas uma coisa era certa, eu estava perto dela.
Por que?
Não sei... mas eu estava. Sei que já estive nesse lugar.

Que loucura.
Passa um rapaz, eu peço um cigarro. Ele nao tem.
Ele nao fuma, ninguem fuma.

"Cigarro? aqui? Eu hein!"
E saiu matutando.

E agora? Sem cigarros, sem o rumo de casa.
O que fazer?
Sentei e observei o sol nascendo.
Ao menos nesse lugar, perto de casa, o sol ainda brilha.
Foi quando alguém me trouxe uma bandeja com o café da manhã.

Foi aí que me dei conta.
Eu estava no jardim do hospital.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Minha estupidez fede a sentimento

Minha estupidez fede a sentimento.

Desde de que o mundo é mundo, o tempo é tempo.
O tempo arruma tudo. Mas o tempo passa, corre, voa.
O sentimento vem com o tempo.
O sentimento some com o tempo.

O tempo faz com que o sentimento acabe sendo apenas mais um estupido.
E sou estupido!?
O tempo fez eu ser estupido.
O tempo e o sentimento.


E eu aceito isso numa boa. Mas algo faz com que me sinta mal.
Mas um sentimento novo faz com que me sinta bem.
De novo... a estupidez de um sentimento, gera outro sentimento.
Assim como um minuto se acaba para que comece outro.

Assim o tempo passa.
Assim o sentimento muda.
Assim as pessoas vão se tornando cada vez mais estupidas.
Ou as pessoas apenas se tornam cada vez mais sentimentais?
Ou menos sentimentais?

Talvez a estupidez seja a definição pro termino do sentimento.
É a sepultura do sentimento antigo.


Deve ser isso.
O sentimento é o nascimento, a estupidez é a sepultura.
O sentimento é a vida, por isso... devemos viver com prazer o sentimento.
Devemos realmente senti-lo.
Porque quando ele morrer, vai ser apenas mais um estupido.



Humor: Humor???
Bjo na virilha!

domingo, 11 de maio de 2008

O desatino da percepção.

Foi começando pelo fim que a vida tomou forma.
Parando pra pensar é que percebi os quatro cantos dessa esfera chamada Ramon.
À minha direita, senhora e senhores, lhes apresento o amor. À minha esquerda, tirem as crianças da sala, e dêem boa noite ao temido Sonho. No fundo do palco, meus amigos, está sentada a querida Razão. E finalmente, na minha frente, como todo o glamour voces pódem ver a Ambição.


Agradeço a presença de todos, esse publico maravilhoso chamado Realidade.
Preparem-se, porque o show vai começar. Encenamos esta noite a peça espetcular chamada Vida, escrita pelo próprio apresentador.
Tudo pode acontecer nesse show, a Ambição é ótima em seu papel, quando atua com o Sonho e com o Amor deixam escondida da cena a Razão. Até que alguém do publico Realidade grite seu nome e os holofotes direcionem para o fundo do palco.
Quando isso acontece a Ambição se desconcerta, o Sonho se desespera e o Amor sente a falta de introsação no palco. Mas o climax do espetáculo se dá no momento em quem os quatro atores se vêem de frente à Realidade com tal vontade de brilhar que o público se torna a parte principal da peça. Aí tudo vira festa.


E quando as luzes se apagarem?
É porque o show chegou ao fim.