A alegria existe
mas vem e acaba
Como o domingo
que acaba em segunda
Tão rápido
quanto a queda da pedra
Tão logo bate na água
se afoga no segundo
que afunda!
A navalha do poeta é a palavra
Que em seus versos esculpe a face do leitor
Amável ou maldito, não importa
Corta a alma e expõe a dor
Classificado entre os 100 melhores no TOC140 da FLIPORTO
Dizem que quando ela chega
E você ouve a voz da morte
Rapidamente em seus olhos
Projeta-se um filme da sua sorte
Mas ninguém se atreveu
Nem mesmo por um hobby qualquer
Dizer qual é a canção
Cantada por essa obscura vouyer
Hoje lhes digo, no leito eterno
Que é o som do azul infinito
Distorcido, afinado e aflito
Numa voz de paz que vem do inferno
Rum no café para apreciar o mar
Vez em quando um cigarro me ajuda a pensar
A cada porto a vontade de partir
Meus sentimentos eu conservo
Entre a proa e o horizonte
Cortando as ondas e a brisa solitária
Meu coração naufragado em teu feitiço
Ó sereia, donzela dos prazeres proibidos
Tua maldição me prende ao vasto mar
Vã libido de água e sal
A caixa de tesouros do destino
É o rumo incerto, à deriva do teu canto angelical
esse súbito não ter
esse estúpido querer
que me leva a duvidar
quando eu devia crer
esse sentir-se cair
quando não existe lugar
aonde se possa ir
esse pegar ou largar
essa poesia vulgar
que não me deixa mentir
Leminski