Cretina Billis
quarta-feira, 10 de outubro de 2012
Pensão
quinta-feira, 16 de agosto de 2012
Mais um dia a menos
terça-feira, 31 de julho de 2012
Ser a questão: Eis o não ser
azedo da laranja podre
do que o doce do suco processado
Sou homem de feira,
que chora o preço
Sou o avesso
Sou do cinema que ainda
preserva o cheiro do cigarro
e que tem o vinil da poltrona
um pouco surrado
Enjoo com o cheiro de manteiga
Não sou do carro ou
do casaco. Sou carrasco
do sereno, sou do cuspe
e do pigarro
Sou do amor que
envenena. Sou do poema
Sou do acaso
Não sou de dose
pequena. Nunca fui
para Ipanema. Sou velho,
sou sul, sou amargo.
Bolo de Aniversário
Mijo de cabra manca
Leite de mãe viúva
Cinza de vela santa
Cabelo de tatu crioulo
Casco de preá cerrado
Unha de cobra cega
Pedra de rim doado
Sangue de semi-deus
Calcanhar de Aquiles
Pão de corpo santo
Madalena e Afrodite
Rabo de gato capão
Orelha de burro surdo
Carqueja e pó de agrião
Ovo de pato e milho em sabugo
Mandinga forte
Cão raivoso
Inverno intenso
E sal agosto
sexta-feira, 2 de março de 2012
O (pecado) capital e o relógio
A sexta-feira traz com ela as bruxas do pecado, e a segunda-feira nos traz os monstros da consciência. Entre o sábado e o domingo intercalo entre a gula e a luxuria sem muito rezar os padre-nossos. Durante a semana eu batalho, entre a preguiça e a loucura eu me vejo em meio ao trabalho.
O trabalho não dignifica o homem senão o escravo.
Quem foi aquele que se disse digno senão o aristocrata ao burguês, e esse segundo ao proletário?
A sexta-feira é sempre cheia de poesia, e o pitoresco da boemia reforça o gosto amargo de um cansaço desnecessário.
sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012
Andarilho
Lambendo sabão
Catando coquinho
De esquina em esquina
Seguindo o caminho
Você nunca está
Então paro e repito
Me dá um cigarro?
Dá-me um pito?
Todos mandam
Aos berros e gritos
Então obedeço
E de pronto
Rumo aos quintos
(Ramon Ronchi)