sexta-feira, 29 de maio de 2009

Quem sabe um dia

Perdi a inspiração.

Isso me deixa frustrado.
Devéras frustrado.

Se perdi inspiração é porque nada de diferente está acontecendo em minha vida.
Isso me faz parar pra pensar, sabe?
Mas quando paro e analiso a esfera da minha vida percebo que tudo está mudando o tempo todo.
Tudo gira, tudo geme, tudo se move.
Então... Inspiração, cadê você?
Cretina.
Ela vem de tempos em tempos, vai e volta sem aviso prévio.
Me deixa aqui frustrado, pensando onde ela poderia estar.

Foi visitar outro?
Foi visitar outra?
Foi pra visitar ou pra ficar?

CRETINA!!!

Me deixa preocupado com esse sumiço.
Então eu procuro alguma coisa que me leve a ela.
Amor, paixão, uma noite e nada mais, bebida, cigarro, roquenrow, carnavais... meu deus!

Visito cada uma das alternativas, de endereço em endereço, mas nada de encontrá-la. Esse perseguição me cansa, cansei de entrar na dança, cansei de estar fora do rítimo.
Cansei.
Cansei de seguir seus passos.
Sabe o que? Vou usar tudo isso e fazer uma festa.
Se ela foi embora, então vamos nos divertir juntos.
Chego em casa, acendo um cigarro, abro uma cerveja, converso com minha garota(ah, ela é um amor), me apaixono a cada instante, enfim, coloco pra tocar o roquenrow.
Se ela não vem, eu vou.
Quem tem tudo isso em casa, vai correr atrás de uma mera inspiração?
Eu não!
E no auge da euforia, da guitarra distorcida, da cara borrada em meio a fumaça, do batom na almofada, do contato, do veneno do amor... ela chega de mansinho, pedindo carinho, querendo ser usada, maltratada.
Inspiração cretina.

Não sei porque insisto em não te usar.
Um dia te transformo em poesia.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

António, o poeta.

António queria escrever um livro.
Mas coitado do António, não sabia escrever.
Começou a recitar suas rimas e repentes na rua, passando o chapéu, moeda em moeda.
Ganhou dinheiro pra comer, aprendeu a ler e escrever.
Editou seu poemas etílicos, suas histórias e mazelas.
Ganhou algum dinheiro, vendeu alguns livros.

António morreu de cirrose aos 32, com 2 vintens no bolso, e alguns poemas na mão.
Os poemas tiveram edição póstuma, o dono do bar que encontrou o defunto ficou rico, e António é considerado em sua geração o maior dos poetas.

Como a vida é ingrata.
E essa fama tardia é mesmo uma merda!