domingo, 30 de agosto de 2009

sem nome

O desejo da carne crua.
Era isso que lhe diferenciava.

Não era um serial-killer, nem um vampiro ou qualquer outra coisa medonha que a ficção nos mostra.
Simplesmente tinha desejos, e era disso que ele falava.
Não queria machucar ninguem, nem ver nada sangrar.
Queria apenas sentir a carne crua e ainda quente.
Queria sentir a vida. Desejo de animal.
Do contato, do atrito, da verdade sem escrúpulos.
Imoral.
Julgado pela igreja, penitenciado pelas leis do homem.
Quando o que ele queria era apenas o que chamam hoje em dia de "selvagem".
Condenado a apodrecer no isolamente de sua mente, a se afogar nos desejos diários.
Conversava com o papel, como um doente ou lunático.
Morreu sozinho em frente a caneca de café, ao lado do cigarro.
Com a caneta em mãos e uma obra inacabada, sem ser assinada.

Assim surgiu o primeiro poeta.
Ele morava na rua dos santos, em frente ao cabaré Cherry.
Onde tantas inspiraões e ilusões lhe renderam uma centena de escritos de uma vida amargurada.


(autor desconhecido, poeta famigerado)

Um comentário:

variantes verdades disse...

O sentimento que aflora, decola da raiz e salta pela boca, estranheza, beleza, enfim, poetas