domingo, 18 de outubro de 2009

Sobre águas passadas

As vezes quero a chuva pare
Mesmo que o mundo desabe sob o céu azul
As gostas escorrem pela janela enquanto espero que a distância faça sentido
O céu chorando alimenta a solidão e a saudade
E por dentro, no peito, o sentimento arde com águas passadas


Não importa se quente ou frio
As vezes quero que o céu brilhe sobre nossas cabeças
A temperatura a gente ajeita quando o coração nao se sente só
Voltar ao pó, de onde viemos
Nem importa mais onde queríamos chegar
Se o que importava ficou pra trás, num dia nebuloso.

As vezes quero que chuva pare
Mas nem sempre espero que o sol brilhe
Na maior parte do tempo não sei o que eu quero
Só quero que o tempo mude
Só quero que o dia passe
Só quero não querer que ela volte

Mas as vezes, e só as vezes quero que o mundo desabe
Que a água que cai do céu me lave
Que as correntes de ar conduzam a chuva pra minha alma
Que as nuvéns me cubram de esperança e novidades
Que o sentimento mude, pra viver de verdade

As vezes quero esquecer que o céu brilhava
E como a chuva, caindo no rio correr junto com a aguá
E deixar pra trás o tempo em que os olhos dela me iluminavam

As vezes quero... que o mundo pare

Um comentário:

Marco Aurélio disse...

O tempo é sempre esse, que não é ninguém, que é tudo, que nada faz, que age mudo. E ele está se esvaindo, deslizando por seus dedos, se desmanchando. E junto vai nos desmanchando juntos. Enruga nossa pele, destrói nossos órgãos, tira a cor de nosso cabelo. O tempo é o inimigo oculto. O tempo passa e derruba tudo, menos a poesia da vida.